SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA

A Organização Mundial de Saúde mudou a terminologia de doenças específicas da população negra para doenças prevalentes, entendendo que a miscigenação vinha a fazer com que não fossem mais específicas, incluindo-as como doenças de fundo social.

Permanece como doença específica a Anemia Falciforme, por ser uma doença de origem genética originária da África e dos Países Mediterrâneos, vinda com os africanos sequestrados em sua terra natal e escravizados. Temos três tipos de Anemia Falciforme. A Senegal que não é grave. A Benin é grave. A Banto é mais grave e a que ocorre mais frequentemente no Brasil. A doença também é encontrada em outras etnias. Além da Anemia Falciforme ocorrem na etnia negra muitas outras doenças falcêmicas.

Há a predisposição da etnia negra a desenvolver com maior frequência determinadas doenças, dentre as quais a hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes méllitus, miomatose, grande incidência de câncer de colo de útero e um número elevado de mortes por câncer de mama.

Devido à desinformação e a falta do uso de preservativo, pelo próprio estado de analfabetismo e pobreza, a população negra e principalmente as mulheres negras são as maiores vítimas das DST/ AIDS.

A violência contra a Mulher, é considerada um problema de saúde pública. A cada cinco faltas no trabalho, três são por violência doméstica.

As condições adversas de trabalho geralmente no chão da fábrica, ou em trabalhos com menor remuneração, até o assédio moral e assédio sexual, trazem o stress que provoca a hipertensão e pode levar a cardiopatias podendo chegar em alguns casos a doenças mentais, por não vislumbrarem uma melhoria nas condições de vida.

O alcoolismo e a drogadição também fazem parte da vida de homens e mulheres negras na tentativa de esquecer a depressão e a tensão por não verem melhorias para seu futuro. As estatísticas são cada vez mais altas no numero de suicídios de pessoas negras.

As LER/DORT (Lesões por esforço repetitivo), existe a dificuldade para caracterizar a doença e assim conseguir aposentadoria.

É necessário que se faça uma maior cobrança da implementação pelos Estados e Municípios do teste do pezinho MASTER, com corte para anemia falciforme, a chamada terceira gota, e que também tenhamos profissionais treinados para explicar às gestantes a importância da realização do teste.

A solução seria a humanização da saúde dando ênfase à população negra, ou seja, recorte racial.

Necessitamos de políticas públicas voltadas para a prevenção, como obrigatoriedade de saneamento básico e água potável na periferia. Mudança na grade curricular de ensino médio e superior com visão nas doenças prevalentes da população negra. O tratamento das doenças prevalentes da população negra e principalmente o direito à cidadania plena, porque o conceito de saúde segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) é o bem estar geral, físico, mental e psicossocial. Saúde tem que ir além da oposição à doença, da ausência da doença.

Maria Geneci Silveira

Professora, enfermeira,

Coord. Est. de Comunicação do MNU-RS

Dir. de Pol. Sociais do Sindisprev-RS

Elaborou e ministra aulas sobre saúde da Pop. Negra

Coord. Regional de Derm. Sanitária

da 5ª CRS – Caxias do Sul-RS